segunda-feira, 1 de maio de 2017

Projeto de aprendizagem. E agora?

No semestre 2016/ 2 da UFRGS, realizei em grupo um trabalho intitulado “O que influencia as mulheres na escolha da sua profissão?”. Confesso que a própria temática do trabalho já foi desafiadora, mais ainda, foi ter que trabalhar em grupo com pessoas tão diferentes. Com pensamentos e opiniões muito diferentes. Por se tratar de uma temática muito ampla e complexa, resolvi trabalhar com meus alunos (2º ano do ensino fundamental de 9 anos), o projeto que já desenvolvo todos os anos, intitulado: Cor de pele?!
Na proposta de Projetos de Aprendizagem o papel do professor é orientado pelas diferentes funções que venha a assumir na interação com os estudantes (Fagundes et alli, 1999). Pensando nisso, e também sobre qual questionamento sempre intriga os alunos (até mesmo eu, em quanto professor), deparei-me mais um ano com a tão utilizada frase: Lápis cor de pele.
Mas a final que cor é essa? Perguntei aos meus alunos qual era o lápis cor de pele, logo todos responderam que era o lápis rosa claro, cor de pêssego, salmão... Sendo que ninguém possui essa cor de pele. Questionei-os se realmente a pele deles era daquela cor, uma vez que eu, negro, possuo a pele marrom.
Entrando nas investigações para o projeto. Já descontruí algumas certezas que eles possuíam, tendo agora algumas dúvidas pertinentes: Realmente minha pele é dessa cor? Qual é a cor da pele? Uma criança negra pode se representar com outra cor que não seja a marrom ou outra tonalidade escura?
De acordo com o texto Projetos de aprendizagem – Uma experiência mediada por ambientes telemáticos de Léa da Cruz Fagundes, Rosane Aragón de Nevado, Marcus Vinicius Basso e Juliano Bitencourt “Todas as micro-atividades de um projeto usam e produzem informações que necessitam ser interligadas, em forma de rede, para que os seus desenvolvedores possam a qualquer instante navegar por ele, revendo lições aprendidas, revisando decisões tomadas, reaproveitando informações, etc.” (2006).
Partindo dessa curiosidade despertada neles, resolvemos então analisar a cor de nossos colegas.
Logo no início não foi tão fácil, uma vez que a mídia branca nos faz crer que mocinhos de novelas, galãs e até mesmo princesas e fadas, precisam ser brancos, de olhos azuis e cabelos claros.
Fica difícil dialogar com essa estrutura imposta por muitos anos. Incentivei-os então, a procurarem em casa ou até mesmo puxarem pela memória, quais são os seus ídolos que possuem a pele escura?
Logo apareceram jogadores de futebol, cantores de funk e até mesmo alguns atores como Will Smith e Lázaro Ramos.

Ainda estamos em fase de construção e levantamento de dados, uma vez que eles se mostraram muito curiosos e participativos. Creio eu que novamente, esse assunto será trabalhado durante o decorrer do ano. Quebrando assim paradigmas defasados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário